Escritos na década de 1950, pelo Inglês Clive Staples Lewis - C.S. Lewis -, a obra intitulada "As Crônicas de Nárnia" compreende sete livros, sobre os quais já falei em outra publicação. O autor nasceu na Irlanda e junto com o inglês J.R.R. Tolkien e outros escritores ingleses, iniciou o Inklings, um clube informal de escritores que se reunia em um pub local para discutir suas ideias para as obras vindouras. C.S. Lewis era um cristão convertido, tendo também publicado diversas obras sobre religião. Em sua obra de ficção, Lewis deixou impregnadas as marcas do cristianismo, tecendo paralelismos alegóricos que enriquecem a trama. A constante luta entre o bem e o mal são reflexos do pensamento cristão de luta contra as trevas e em defesa da Verdade. Aslam, O Grande Leão, Filho do Imperador de Além MarO personagem que vivifica a série é Aslam, um poderoso leão que personifica Jesus na série de Livros. Em "O Sobrinho do Mago" Aslam é representado como criador das terras de Nárnia, e por meio de uma música - a sinfonia perfeita -, dá vida àquela terra. Já em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", Aslam se sacrifica no lugar de Edmundo, que trai seus irmãos em troca dos favores da Feiticeira Branca. Antes de ser morto, o Grande Leão é tosado, sendo despojado de sua juba assim como Jesus foi despojado de suas vestes (Mt 27, 33-36) e por fim ressuscita, assim como Jesus. Já no livro "A Viagem do Peregrino da Alvorada", ao ser perguntado por Lúcia se estaria também em nosso mundo, Aslam responde: "Estou. Mas tenho outro nome. Têm de aprender a conhecer-me por esse nome. Foi por isso que os levei a Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham me conhecer melhor." (Página 513 na edição de volume único) No último livro, "A Última Batalha", Aslam conduz os perdedores - Jill, Eustáquio e o Rei Trinian à verdadeira Nárnia, referência à Jersalém Celeste (Ap 21, 21-27). Ao final, o Leão fala: "Acabaram as aulas: chegaram as férias! Acabou-se o sonho: rompeu a manhã!" É claramente perceptível que Aslam é nada mais do que a representação alegórica de Jesus, adaptado a um mundo fantástico e mágico, mas sua forma de Leão ainda cabe explicação teológica. Jeus é chamado Leão da tribo de Juda (Ap 5,5) e quando em "A Viagem do Peregrino da Alvorada" ele aparece primariamente como um Cordeiro, faz-se lembrar a passagem em que João Batista chama Jesus de "o Cordeiro de Deus" (Jo 1,29). Os Filhos de Adão e as Filhas de EvaEm "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia são chamados filhos de Adão e filhas de Eva pelos narnianos fiéis a Aslam. Não são chamados meramente humanos, mas são reconhecidos como descendentes dos primeiros humanos, criaturas escolhidas para governar as terras de Nárnia e reinar sobre os narnianos concedendo-lhes paz. No mesmo livro, quando Aslam é sacrificado na mesa de pedra, Lúcia e Susana estão com ele, fazendo referência ao episódio da ressurreição de Jesus, em que Maria de Cléofas e Maria Madalena foram as primeiras a ver que Jesus já não se encontrava no túmulo (Mt 28, 1-10). Assim que os primeiros irmãos Pevensie chegaram em Nárnia, Edmundo conhece a feiticeira branca, e a ajuda dando informações sobre Aslam e os planos dos narnianos, traindo assim, a confiança dos seus irmãos e do Grande Leão. Edmundo representa a humanidade corruptível e que se entrega a prazeres momentâneos - em seu caso, manjar turco. Ripchip, os Mártires e a Defesa da FéRipchip é um rato, que aparece em três livros da série: "Príncipe Caspian"; "A Viagem do Peregrino da Alvorada" e em "A Última Batalha". No segundo, Ripchip se oferece para remar em direção ao fim do mundo, e não mede esforços para chegar ao país de Aslam, o que aparece concretizado no último livro da obra, onde ele recepciona os perdedores da batalha na Verdadeira Nárnia. Todos os reis e rainhas de Nárnia se encontram - exceto Susana, que se corrompe e se esquece de Nárnia - e ali vivem eternamente. Só as crianças podem conhecer NárniaDigory e Polly, Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, Eustáquio e Jill. Todos os amigos de Nárnia são crianças, e quando crescem, deixam de visitar aquela terra. Lewis criou um universo fantástico e completo, repleto de aventuras e de emoções. O fato de as personagens principais das crônicas serem crianças, remonta à passagem bíblica em que Jesus diz: "Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus." (Lc 18, 16-17). Existem outras referências à personagens cristãos e histórias bíblicas em todos os livros da série, mas os elencados aqui são os mais claros e objetivos. Sendo assim, "As Crônicas de Nárnia" são livros altamente recomendados aos católicos e cristãos, porque além de oferecer uma fantasia fascinante, nos garante também uma formação moral bastante sólida e uma catequese valiosa. O que permeia a leitura é um cristianismo puro e simples, onde o outro é posto como prioridade e a abnegação uma dádiva. Postagem feita no Facebook, dia 12 de junho de 2018. Disponível aqui.
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